"Acho triste ser lembrada como a negra da periferia", lamenta Karol Conka

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2016 14h11
Jovem Pan <p>Karol Conká e MC Soffia falaram sobre empoderamento e racismo no Pânico</p>

O funk pode ser conhecido pelas suas letras ousadas e suas mensagens atrevidas. Mas o outro lado da história também existe. É essa a aposta de MC Soffia, com apenas 12 anos de idade, e Karol Conka. As duas acreditam numa música de protesto, feminista e mais de acordo com a realidade.

Após ganharem o mundo na abertura da Rio 2016, ambas estiveram no Pânico desta sexta-feira (26). “Foi um convite do Fernando Meirelles, fiquei muito surpresa. Eu sou do gueto né? Aí chamaram a Soffia junto e pediram para a gente escrever a música, o que é melhor ainda”, contou Conka.

O maior evento esportivo do mundo foi uma referência para o restante do globo. Com assuntos como respeito, diversidade, racismo e feminismo, tudo teve a ver com a mensagem das rappers. “As pessoas acham que o Brasil é só mato. Eu quero que as pessoas saibam que existem outras pessoas. Quero que a Beyoncé saiba que existe eu e a Karol Conká, e se ela quiser chamar a gente”, disse Soffia, aos risos.

O empoderamento feminino é a base do som delas. Karol explica: “o momento está chegando nesse tema, que já existe há muito tempo. A gente está passando por uma reeducação cultural no Brasil e no mundo. E tem que bater nessa tecla”.

A juventude de Soffia não foi um impedimento para seguir essa linha de raciocínio mais engajado. No alto dos seus 12 anos e sempre acompanhada pela mãe, Camila, a menina com sua música “Menina Pretinha” já dá um tapa na cara da sociedade falando para as mulheres negras se aceitarem: “chamar a negra de exótica não é a mesma coisa que chamar de linda. Exótico é bicho”.

Conka por sua vez, revelou irritação em “ter que” falar sempre de racismo. “Eu acho triste toda vez chegar num lugar e ser lembrada como a negra da periferia”, desabafou.A cantora prefere encher o mundo de amor e positividade. “É uma coisa de ‘vamos ver o lado bom da vida’. Eu não imaginei que tanta gente fosse se identificar, é preciso falar que a vida é bela. Está cheio de gente amarga, elas descontam suas frustrações nas redes sociais”, disse.

Se ela já teve que lidar com o preconceito? “Claro. Mas não faço alarde da mídia. Enquanto esse cara está tentando me destruir, eu estou ganhando mais dinheiro”, ironizou.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.